Dicas de Saúde
Coronavirus (COVID-19)
Vírus, do latim “virus” que significa veneno, é um organismo acelular mas que possuiu material genético (RNA, DNA e muito raramente os dois) e por não ter todas as organelas metabólicas celulares, precisa parasitar uma célula para utilizá-las neste recurso e se replicar. Isto implica na interminavel discussão se é um ser vivo ou não. Eu acredito que por ter material genético e procurar se replicar, é sim um ser vivo. Em geral sua capsula externa que envolve o seu conteúdo genético é formada de proteínas, glicoproteínas e fosfolipídios (este último uma camada de gordura) sendo por isso muito sensível ao CALOR e substancias DESENGORDURANTES como: sabão, desinfetantes, detergentes etc. E este é o caso do COVID-19 e seu material genético é o RNA.
O COVID-19 faz parte de uma extensa família de vírus coronas, muitos já conhecidos dos humanos (SARS, MERS) entre outros, tendo alguns causado epidemias preocupantes não chegando entretanto a causar pandemia. No caso do COVID-19 o fator preocupante é seu exponencial poder de infectabilidade o que torna insuficiente o atendimento público de saúde para os casos que apresentarem gravidade e que necessitam de internação, em geral de UTIs. Mais preocupante ainda, é o fato de não se ter ainda um protocolo terapêutico definido tanto para a prevenção como para estas complicações, em geral pulmonares, cardiocirculatórias e micro circulatórias graves, com alta taxa de óbitos.
No geral, 85% dos infectados pelo COVID-19 passarão desapercebidos, terão a resposta imunológica eficiente e provavelmente ficarão imunizados e não serão mais infectantes, 10% terão sintomas leves sem necessidade de atendimento médico, devendo ficar em casa isolados, e 5% terão complicações respiratórias, cardiopulmonares e micro circulatórias, muitos com extrema gravidade, que necessitarão de internação e atendimento emergencial, com cuidados especializados de UTIs. Destes a taxa de mortalidade gira em torno de 1 a 2% dependendo do pronto atendimento médico especializado e das características populacionais de cada país. No Brasil a nossa população é mais jovem, nosso clima mais tropical e nossa heterogeneidade racial nos diferencia e muito dos países europeus e asiáticos, acredito que a nosso favor. Isto o tempo dirá.
Existe um grupo de maior risco para as complicações do COVID-19 que inclui principalmente os diabéticos, Idosos (a faixa etária neste caso é muito variável), Pacientes com problemas cardiovasculares e hipertensos, com doenças pulmonares pré existentes (asma, bronquites, DPOC, fumantes…), pacientes com doenças autoimunes e em uso de imunossupressores (transplantados por exemplo), pessoas obesas, bariátricos e por último pessoas mais jovens que “aparentemente” eram saudáveis. Note-se que não ter doenças complicantes, estar saudável e ter uma resposta imunológica mais eficiente sempre fez a diferença em qualquer doença.
O diabético, principalmente o tipo II é naturalmente mais inflamado. A hiperglicemia e a consequente resistência a insulina aumenta os produtos finais de glicosilação (AGEs), ativa macrófagos e outras células do sistema imunológico, aumenta o estresse oxidativo e consequentemente a produção de citocinas pró inflamatórias. O excesso do peso na grande maioria dos casos é um fator complicante. Tudo isto afeta bastante o sistema imunológico o que torna o prognostico preocupante. Manter um bom controle glicêmico, diminuir a resistência à insulina, melhora bastante o prognostico em qualquer infecção viral principalmente no caso em questão. O controle alimentar é fundamental.
Cardiacos, hipertensos e pacientes com doenças pulmonares já tem comprometimento na função cardio-circulatoria-pulmonar e qualquer alteração neste sistema é preocupante. No caso do covid-19 além da explosão de citocinas inflamatórias por exacerbo de resposta imunitária, há também o preocupante fator de formação de micro trombos a nível dos alvéolos pulmonares e desenvolvimento de quadro de coagulação intravascular disseminada que por si já é “muito grave”. Cabe ressaltar que este quadro atinge todos os órgãos com comprometimento severo, daí ser comum a insuficiência renal. Quem estiver neste grupo deve estar medicado e com bom controle assistencial.
O idoso faz parte de um questionamento que deve ser levado em conta. O que é idade biológica e idade cronológica. Aí entram os cuidados de saúde e prevenção que tenham feito parte da vida deste “idoso”. Claro que uma pessoa de mais de 60 anos, que já apresente comorbidades (cardíacos, hipertensos, diabéticos etc ), sedentário, debilitado e imunologicamente frágil, vai estar sem dúvida candidato aos 5% dos pacientes de risco. Devemos levar em conta que os nossos órgãos envelhecem conosco, entre eles pulmão, coração rins e tudo o mais. Temos que cuidar sempre para envelhecer com qualidade. A prevenção faz a diferença.
Obesos e pessoas com sobrepeso avançado, podem apresentar quadro inflamatório sistêmico muitas vezes com esteatose hepática, ferritina alta, resistência à insulina e glicemia alterada, sendo todos estes fatores contribuintes para um mau prognóstico e complicações no caso do covid-19.
Bariátricos em geral são deficientes de nutrientes essenciais (zinco, ferro, complexo B, vitamina D entre outros) por desabsorção e insuficiência alimentar, sendo estes fatores importantes para o bom desempenho do sistema imunológico havendo portanto necessidade em quase todos os casos de serem suplementados individual e adequadamente dos mais diversos nutrientes.
Portadores de doenças auto imunes, pacientes com câncer principalmente em tratamento de químioterapia ou radioterápia, transplantados ou portadores de doenças debilitantes, devem ser vistos como de grande risco de complicações e merecem atenção especial em todos os cuidados nesta pandemia.
É evidente que em um organismo saudável, a resposta a qualquer doença, principalmente as infectocontagiosas sempre é mais forte, adequada e positiva sendo a recuperação mais efetiva. E para isto nutrientes essenciais são fundamentais e devem estar presentes em qualquer circunstância. “Deficiência” como a palavra diz claramente, é perda da eficiência e em se tratando de imunidade isto pode ser fatal.
Inúmeros estudos inclusive alguns recentíssimos, feitos no auge desta pandemia, reforçam a tese de que vários nutrientes como zinco, selênio, vitamina C, vitamina D, vitamina A, vitaminas do complexo B, cúrcuma, ômega 3, resveratrol, gengibre, alho entre outros condimentos e alguns tantos fitoterápicos, tem sim relevância com relação a fortalecer as defesas do organismo. Fala-se sempre em alimentação adequada e isto é sim muito, “muito importante sempre”, embora seja em geral muito utópico no dia a dia de grande maioria da população. Como é também utópico querer quantificar todos esses elementos na medida adequada, naquilo que ingerimos no dia a dia. Vale agora se esmerar mais nos cuidados de alimentação.
*Quais as medidas relevantes para serem implementadas nestas circunstancias e que devem fazer parte de nossa rotina como prevenção geral.
Manter hábitos saudáveis como:
- Evitar contato com doentes, aglomerações, saídas desnecessárias. Se apresentar sintomas faça o auto isolamento pra evitar contaminação, entre em contato com seu médico e siga suas orientações.
- Ter uma boa higiene pessoal, lavar as mãos com frequência, usar álcool gel e álcool 70% sempre que necessário.
- Usar mascara sempre que sair e troca-la ou higieniza-la com frequência.
- Alimentar-se bem, ter uma nutrição adequada com boa ingestão de proteínas, alimentos vegetais em abundancia e ter regularidade na alimentação. Frutas principalmente as cítricas (limão, acerola, laranjas) são excelentes. Tudo, quanto mais natural melhor.
- Manter uma boa hidratação com muita “agua”, chás naturais e evitar sucos artificiais e bebidas açucaradas, principalmente refrigerantes.
- Praticar atividades físicas sem exagero e nada de sedentarismo. Está plenamente comprovado que o exercício melhora a nossa imunidade. Libera endorfinas, modula o estresse, relaxa.
- O sono é importante e recarrega as nossas energias.
- Ter paciência, ser otimista e ter fé sempre. Deus está no comando e tudo passa.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/jmv.25707
https://www.preprints.org/manuscript/202003.0346/v1
https://www.nature.com/articles/s41418-020-0530-3
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0261561420301400